Sector da Saúde

Estas alterações dos padrões climáticos implicam um aumento do stress e térmico da população, desidratação e golpes de calor, o que pode resultar num agravamento geral na saúde de pessoas e alguns grupos de risco, com problemas respiratórios e cardiovasculares e, consequentemente do excesso de mortalidade associada aos extremos de temperatura. De um modo geral, as zonas urbanas, onde há menor qualidade do ar, apresentam um risco mais elevado associado à exposição do calor.

As projeções para a temperatura afetarão com maior incidência os trabalhadores mais expostos, tais como dos setores da construção e da agricultura em zonas rurais. Para além do aumento da temperatura, também se projeta uma diminuição da precipitação acumulada ao longo do ano, principalmente nas regiões do sul do país podendo, consequentemente, promover o aumento de situações de seca e, em alguns locais, favorecer a formação de águas estagnadas.

A água estagnada oferece um ambiente ideal para que as larvas dos mosquitos se desenvolvam, aumentando o risco de surtos de doenças como a dengue, o zika, a febre amarela ou a malária, os quais já constituem atualmente um elevado fator de risco para a saúde pública, especialmente nos países da África subsaariana, como é o caso de Angola. Quanto à precipitação extrema, prevê-se um aumento em relação aos valores históricos, com impactos na frequência e intensidade de inundações, erosão do solo, danos em infraestruturas, perda de colheitas e risco de deslizamentos de terra, afetando diretamente as populações e os ecossistemas mais vulneráveis.

A magnitude dos impactos das alterações climáticas na saúde é dependente de vários fatores, como por exemplo a qualidade da construção, a disponibilidade e acessibilidade a soluções de arrefecimento, planeamento urbano, entre outros.

Outros fatores, como pobreza e baixos rendimentos, população em faixas etárias de maior risco e doentes crónicos são também determinantes e, muitas vezes, os mais vulneráveis. Torna-se assim crucial integrar a saúde pública em estudos, estratégias e políticas de adaptação, de forma a mitigar os efeitos adversos das mudanças climáticas.

A capacidade de preparação e resposta deve basear-se em sistemas de alerta precoce adequados para fenómenos meteorológicos extremos.

As infraestruturas de saúde existentes, como hospitais, centros de saúde e sistemas de resposta de primeiros socorros, devem assumir nos seus planos uma preparação dedicada a impactos das alterações climáticas, garantindo a continuidade dos serviços de saúde durante eventos meteorológicos adversos e climatológicos extremos.

Medidas de adaptação do setor

No entanto, no contexto de Angola, existem algumas medidas de adaptação que serão necessárias implementar, como por exemplo:

  • Reforço da vigilância e controlo de vetores de doenças (como por exemplo, mosquitos transmissores de malária, zika ou dengue);
  • Campanhas de sensibilização à população, através dos meios de comunicação disponíveis (locais públicos como hospitais, universidades, escolas, etc., ou através dos media, como a TV, rádio, redes sociais…);
  • Melhorias das infraestruturas públicas de saúde;
  • Criação de refúgios climáticos para a população